«Entrei
pela porta de um livro e fechei-me lá dentro com as palavras acesas e
as luzes apagadas […] com medo de ser encontrado, eu saltava das páginas
pares para as ímpares e enrodilhava-me, feito bicho–de-conta, entre
dois parêntesis, ou, por ser muito magro, atrás de um ponto de exclamação.
Era a primeira vez na minha vida que eu me fechava dentro de um livro. Antes já me fechara dentro de um armário, na gaveta de uma cómoda, no sótão e na despensa. […] O livro era agora o meu refúgio e a minha casa, uma casa onde tudo era imprevisível e estranho e onde as letras tinham espessura e cheiro como se fossem humanas. […]»
Era a primeira vez na minha vida que eu me fechava dentro de um livro. Antes já me fechara dentro de um armário, na gaveta de uma cómoda, no sótão e na despensa. […] O livro era agora o meu refúgio e a minha casa, uma casa onde tudo era imprevisível e estranho e onde as letras tinham espessura e cheiro como se fossem humanas. […]»
José Jorge Letria, «Perdido num livro», in A mão esquerda de Cervantes
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